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Homenageada do Carnaval, Adriana comemora: “seremos ouvidas”

Fundadora do grupo Cia Brasil por Dança, a bailarina propaga a dança popular de Pernambuco há gerações

Publicado por: Secom, em: 12/02/18 às 14:03

Fotos: Sandro Barros/ Prefeitura de Olinda

O Carnaval pernambucano é conhecido mundialmente pelo frevo. Então, nada melhor do que reverenciar uma especialista do assunto. Na folia deste ano, Adriana Lima, mais conhecida como Adriana do Frevo, foi escolhida, em votação popular, para ser uma das homenageadas. Ela foi a primeira colocada na categoria de personalidades que contribuem para a festa.  

No frevo desde 1985, ela já percorreu os quatro cantos do país e foi até à Europa para apresentar sua arte. Inimaginável em outros tempos, quando, na infância, jamais imaginaria que um dia andaria de avião.  

“Me sinto muito feliz, nunca imaginei que iria passar por isso. Concorri com grandes mestres, pessoas que trabalham pela cultura, doam seu sangue. Mas gostei de ter ganho, fico lisonjeada. A partir de hoje, espero que as pessoas olhem as passistas de forma diferente. Antes éramos vistas, hoje seremos ouvidas. Sou a primeira mulher passista que ganha uma homenagem deste tipo. É fantástico, mas isso precisa ser rotineiro, pois fortalece a nossa cultura”, destacou. 

Fotos: Sandro Barros/ Prefeitura de Olinda

Confira outros pontos da entrevista 

Início no frevo 

Eu desfilava nos blocos carnavalescos como o Elefante de Olinda e Pitombeira. O frevo entrou na minha vida em 1985, quando aconteciam aulas no Vassourinhas de Olinda, com o Mestre Nascimento do Passo, a convite do saudoso Edmar Lopes, presidente do clube na ocasião. Após Nascimento fazer o grupo, uns dois anos depois ele recebe um convite para abrir a Escolinha de Frevo do Recife. Nós inauguramos com ele a escolinha, porém o grupo de Olinda seguiu firme. Eu, com ajuda de outras pessoas, assumimos o grupo denominado Companhia Brasil por Dança. 

Sonho de viver do frevo 

No início, eu queria fazer a minha profissão, tentei viver disso. Mas a cultura não é valorizada no Brasil. Hoje sou formada em História, sou professora de História das artes e da religião, e faço mestrado. Dou aulas em universidades e escolas. Mas gostaria, de coração, de viver da dança. Apesar dos 44 anos de idade, eu gostaria sim de viver do frevo. 

Conhecer o mundo 

Passei por muitas histórias engraçadas no frevo, com o Mestre Saul, também com Edmar Lopes, participei de diversas rodas com várias personalidades do frevo. Graças a dança eu conheci Portugal, Espanha, viajei todo país… O que eu acho massa é que, quando eu era pequena, como a minha família ia imaginar que eu ia chegar onde cheguei? Eles nunca imaginariam que um dia eu ia andar de avião, usufruir de bons lugares, comer bem. Minha origem é muito humilde. O frevo me deu tudo. A dança pode ajudar muitas pessoas, como foi meu caso. Faço um apelo para as políticas-públicas, que venham mais para a música, que dê oportunidade a todos, independentemente de classe social.  

Cia Brasil por Dança 

A Companhia Brasil por Dança funciona dentro do Vassourinhas, com apoio do clube, que fornece o espaço. Eu não pago nada. Por isso consigo manter aulas gratuitas durante o ano todo. A única política da companhia é que não se pode cobrar aula de frevo. Trabalhamos com crianças e adultos, hoje temos aproximadamente 100 pessoas, com cursos básico, intermediário e avançado. Não tenho ajuda de ninguém, não recebo salário, tenho uma equipe por trás. Fazemos por amor, com ajuda da comunidade. 

Para quem se interessar em ajudar o projeto social, pode contribuir através do Adote um Passista, uma ação onde a pessoa escolhe um passista do grupo e oferece ajuda na confecção ou compra da roupa do aluno para apresentações, além de outros auxílios, se tornando o padrinho do passista. O oferecimento de palestras, cursos e convites para apresentações também é uma forma de contribuição. O Clube Vassourinhas de Olinda, onde funciona o projeto fica localizado na Rua Nossa Senhora do Guadalupe, 15, Afogados, Olinda. Mais informações: (81) 99548.1274.  

Fotos: Sandro Barros/ Prefeitura de Olinda

 

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