Publicado por: Secom, em: 05/12/17 às 15:33Olhar sensível para as formas, superação na vida e garra pra lutar: a trajetória de um arquiteto
Maninho, como é conhecido pelos mais próximos, foi segundo colocado no Brasil International Open IBJJF Jiu-Jitsu Championship
Olhar para o arquiteto Hermano Trigueiro, funcionário da Secretaria de Meio Ambiente Urbano e Natural de Olinda, é ver uma pessoa mais jovem do que os 32 anos registrados na identidade. De fala rápida, olhando para os lados e gesticulando enquanto conversa, a cadência da voz e o olhar mudam e se enchem de profundidade quando ele fala de duas conquistas. A primeira é o maior projeto arquitetônico que não precisou de plantas e esquadros para ser construído: a família. Com a pequena Maria Clara, de 3 anos, e a esposa, Juliane Oliveira, casados há 5 anos. A mais recente vem no norte da superação e do suor. Maninho, como é conhecido pelos mais próximos, foi segundo colocado no Brasil International Open IBJJF Jiu-Jitsu Championship, realizado em Brasília. Uma história de recomeços, de quem há 13 anos precisou nascer de novo.
O ano era 2004, e – com ainda mais traços de jovem – Hermano estava em uma S-10 na altura do Quartel do Exército 7º GAC, em Olinda. Após a perda do controle do veículo , veio o acidente. Susto, dor, apreensão. Parte dos parentes soube pelo noticiário, aumentando a aflição. Vieram dez dias de coma. Veio remédio controlado, o medo. Mas também veio a fé, que todos na família, a maioria de base evangélica, apegaram-se para que o menino alegre se recuperasse. Voltasse a sorrir. Muitas vezes com piadas que de tão ruim fazem a graça de quem está por perto. Daí veio a recuperação. E com ela a necessidade de sempre estar se exercitando como forma permanente de impedir que sequelas aparecessem.
“É superação, disciplina, olhar lá do pódio e pensar em tudo que você já passou para chegar até ali”, afirma ele, que há oito meses pratica Jiu-jitsu, pela influência do cunhado, e integra a equipe Nova União – Victor Hugo. Durante a primeira luta, em Brasília, foram três ao todo, veio a vitória e um machucado na mão. E mais superação. Ele lutou em uma categoria superior e mesmo assim subiu ao pódio. “Nunca tinha sentido essa sensação em um campeonato grande. Só vai gente experiente e eu não tenho nenhum grau. Peguei um cara de cinco graus na final.”
Concentração, raciocínio rápido e dedicação são algumas das características que ele observa como inerentes no Hermano lutador Jiu-jitsu e no arquiteto, que decidiu seguir o caminho do pai na profissão. “Na construção você muitas vezes tem opções e precisa decidir na hora qual é a melhor. Na luta também é assim. Mas pra isso é preciso ter conhecimento e muito preparo”, afirma.
Na torcida, na Capital da República, estava a maior incentivadora. Se Maninho parece ser mais novo do que aparenta, Maria Alice é o oposto. Cinco, seis anos podem ser atribuídos fácil. Se o pai já planeja novas competições e superações, podendo ir até para a Califórnia, nos Estados Unidos, no ano que vem, a filha pede para que ele seja sempre o melhor. “Ela torcendo por mim e eu pensando: vou ganhar a medalha para você”, cravou. E ganhou. “Ela me cobrou a de ouro, que no momento certo vai chegar.”
Olhando a história dele, não precisa ser nenhum especialista em arquitetura ou jiu-jitsu para concluir: certamente chegarão muitas outras vitórias, que ele vai dedicar para Maria, Juliane, e tudo correndo como planejado, para o novo – ou nova – integrante da família a partir de 2019.